segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Dor crônica atinge um terço dos brasileiros. Você é um deles?

Por Renata De Grande

Se você trabalha muitas horas sentado ou executa movimentos repetitivos por um longo período, certamente já sofreu algum tipo de dor ou ainda sofre.
Sabe aquela dorzinha insistente que você até já se acostumou com ela? Essa é a chamada dor crônica, caracterizada pela permanência de pelo menos três meses.

Recente pesquisa realizada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo revelou que um em cada três brasileiros sofre de dor crônica. O estudo foi realizado na capital paulista, mas como a metrópole abriga pessoas de todas as regiões, é possível expandir a pesquisa a todos os brasileiros. O número representa 28,7% da população nacional, uma taxa considerada alta pelos especialistas. A pesquisa foi coordenada pela professora Maria do Rosário Dias de Oliveira Latorre em parceria com profissionais do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Esse levantamento traz informações relevantes sobre o assunto. Inédito na América Latina, o estudo tem como objetivo avaliar a prevalência da dor crônica na população. As mulheres são as que mais sofrem desse mal, mais precisamente 34% delas. Entre os homens, 20% relataram sentir dores que se estendem por mais de três meses. A taxa de incidência entre as pessoas com sobrepeso ou obesas também chamaram a atenção: 40% dos que têm obesidade sofrem dores crônicas e entre os que estão acima do peso o número chega a 30%.

“O estudo trouxe à tona questões importantes. A população não utiliza medicamentos para tratar a dor e quando o faz, frequentemente se automedica para controlar o problema”, afirma Manoel Jacobsen, chefe do grupo de dor do Hospital das Clínicas. Jacobsen explica que no entendimento do brasileiro, a dor crônica deve ser suportada, pois não tem cura. Essa linha de pensamento comum da população é rebatida por Karina Leão, coordenadora do grupo: “Vivemos essa situação, mas a população precisa ser informada sobre as opções de tratamento. Ninguém precisa viver com dor”, diz Karina, que também participou do estudo.

Ainda que pessoas entre 50 e 59 anos sejam as mais atingidas na divisão por faixa etária (35,9%), o problema não é exclusividade dos mais velhos: entre jovens de 18 a 29 anos, 20% são vítimas de dores crônicas. Para 22,1% das pessoas as dores na coluna são as vilãs, em seguida vem a dor de cabeça que atinge 19,6% dos indivíduos.

Agora que você já está bem informado sobre como é comum ser afetado por dores persistentes, independente de sexo ou idade, saiba também que, geralmente, essas dores escondem problemas mais graves.

Existem tratamentos específicos para cada caso, mas, para isso, o médico precisa avaliar o paciente e chegar a uma recomendação. É equivocado dizer que determinada doença ou incômodo não tem solução sem antes consultar um especialista. “Essa idéia é muito prejudicial ao tratamento da dor. Muitos indivíduos imaginam que a cefaléia não tem cura, o que não é verdade”, explica Jacobsen. Podemos cruzar essa afirmação com outra importante (e preocupante) constatação do estudo: 32,9% das pessoas com dores crônicas não utilizaram nenhum medicamento nos últimos 12 meses.

Não faça parte dessa estatística: se você sofre algum tipo de dor, procure ajuda de um profissional. Garanta sua qualidade de vida e bem-estar com tratamento adequado e orientação médica.

Quadro geral de incidência, segundo o estudo:

29,7% da população sofre com dores crônicas.

Por sexo:
Homens 20%
Mulheres 34%

Por idade:
18 a 29 anos: 20%
50 a 59 anos: 35%

Peso:
Obesos: 40%
Pessoas com sobrepeso: 30%

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